quarta-feira, 23 de junho de 2010

Essa não desceu redondo

Argentino residente em BH deu um basta na chacota. A campanha da cerveja começou com humor, mas vinha pisando na bola.

Algumas propagandas da Skol são muito bem-humoradas, é verdade. Aquela em que o argentino confunde o grito de “Skol!” com “gol!” me parece inofensiva. Futebol tem mesmo dessas brincadeiras e muitos argentinos aqui não se sentiram ofendidos ao vê-las no YouTube. Até riram delas. Mas a coisa vinha passando do limite.

E veio a boa notícia: o Ministério Público Federal em Minas Gerais (MPF/MG) recomendou à Companhia de Bebidas das Américas (Ambev), detentora da Skol, que faça cessar de imediato campanha em que um argentino é chamado de maricón (“gay, covarde”) por uma latinha de cerveja que acaba de ser aberta.

A recomendação veio graças a uma representação feita por um cidadão argentino que reside em Belo Horizonte, para quem campanha é ofensiva e discriminatória.

O procurador Edmundo Antônio Dias Neto, autor da recomendação, considerou que a campanha tem um caráter duplamente discriminatório. “Em primeiro plano, há um preconceito contra os argentinos e, subliminarmente, há um caráter homofóbico”, disse Dias Neto em declarações à imprensa. Segundo ele, é inconcebível que a Ambev não tenha sido capaz de criar uma propaganda que exalte o nacionalismo brasileiro sem apelar para o preconceito. Quem criou a campanha das latinhas falantes foi a agência F/Nazca.

Concordo: enquanto as latinhas gritam "pentacampeão" para o argentino, a provocação está no terreno do humor, da gozação. Do mesmo jeito que algumas propagandas aqui na Argentina tiram onda do sotaque brasileiro. Mas a partir do momento em que a latinha grita maricón, não ofende só os argentinos, mas principalmente os gays. Ela usa o preconceito contra uns para diminuir os outros. Aí pisa na bola.

Vamos aprender sobre a lei

Vale recordar: a Constituição brasileira, em seu artigo 5º, garante aos estrangeiros residentes no país igualdade perante a lei e respeito aos seus direitos, sem distinção de qualquer natureza. Segundo o procurador, a propaganda também viola o Código de Defesa do Consumidor (que veda o tratamento discriminatório) e o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, cujo artigo 20 afirma que “nenhum anúncio deve favorecer ou estimular qualquer espécie de ofensa ou discriminação racial, social, política, religiosa ou de nacionalidade".

3 comentários:

  1. Sabe, fico feliz dimaiiisss quando vejo,leio que nem tudo acaba em pizza!!!
    Beijuuss n.c.
    Tia Regina
    www.toforatodentro.blogspot.com

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  2. Esperei ansiosamente por esse momento. Não aguentava mais ver os nossos amigos argentinos serem chacoteados. Tanta falta de criatividade nessas propagandas de cervejas. Saudades das tartarugas!

    www.lucianodiretor.wordpress.com

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  3. SE SER GAY NÃO É UM PROBLEMA (AO CONTRÁRIO SERIA PRECONCEITUOSO),NÃO DEVIAM FICAR OFENDIDOS!!!!!OU SERÁ QUE SER CHAMADO DE GAY É UMA OFENSA???

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