quinta-feira, 10 de junho de 2010

Gol contra

Ao firmar o acordo nuclear e rejeitar as sanções contra o Irã, o Brasil ficou ainda mais distante de uma vaga permanente no Conselho de Segurança.

Aconteceu o que todo mundo esperava: dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, apenas 2 votaram contra novas sanções econômicas e militares ao Irã. Justamente Brasil e Turquia, os patrocinadores do acordo nuclear que não passou de uma pantomima - embora tenha sido comemorado por Lula como uma "vitória" da diplomacia brasileira.

Nem o Líbano votou contra as sanções. Preferiu se abster, apesar da influência que o grupo pró-iraniano Hezbolá exerce no governo. A Rússia, tradicional aliada de Teerã, anunciou que vai congelar o contrato de entrega de mísseis terra-ar ao governo de Mahmoud Ahmadinejad.

A lógica turca

É fácil entender as razões da Turquia. Embora seja integrante da OTAN, a aliança militar ocidental, ela passa por um progressivo ressurgimento islâmico. O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, já militava no islamismo (o islã político) desde que era prefeito de Istambul, no início dos anos 90. Seu atual partido, o AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento), é uma das tantas organizações islamistas que questionam o caráter secular do país.

Para o AKP, as tentativas frustradas de entrar na União Europeia são a prova de que a Turquia deve abandonar o Ocidente e voltar a ser o centro do islã. Por essa lógica, a Turquia deve recuperar a forma de um califado (estado islâmico), tal como o Império Turco Otomano foi entre 1517 e 1922 - quando o líder Kemal Ataturk separou o estado da religião e transformou a Turquia numa república secular.

Essas duas forças - o "euroceticismo" e o ressurgimento islâmico - motivaram os recentes contatos de Erdogan com o Hamas e a Síria. Também ajudam a explicar as fissuras na relação com Israel e o flerte com Ahmadinejad. A Turquia certamente teme que o Irã desenvolva armas nucleares, mas seu apoio ao regime iraniano deu a ela maior projeção no mundo islâmico. A popularidade de Erdogan nunca foi tão alta entre os jovens de Beirute, Damasco ou Rabat.

Mas... e o Brasil?

Que interesses ele defende ao apoiar o Irã? Que benefícios sua diplomacia obteve ao selar o acordo nuclear? Até agora, o país só conseguiu se isolar e tornar ainda mais distante uma antiga aspiração de Lula: o assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

2 comentários:

  1. Oi Dudu!!!
    Beleza? Maurício me disse que vc ingressou nessa blogosfera gigantesca e já lhe "aviso" interessantíssima. Tenho conhecido e aprendido muiiiiito. Desejo muito sucesso e vida longa ao blog. Repassei para André, meu filho, que penso, vai gostar muito pois quer ser "diplomata"! Ah, uma sugestão: crie um nome para seu espaço, depois te explico melhor.
    Beijuuss da "Tia" Regina
    www.toforatodentro.blogspot.com

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  2. Voltei rsrs para acrescentar que escreva, priorize nesse início suas "experiências e miscelâneas" (aí vai cativando os seguidores rsrs)e intercalando com seus artigos! Vá lá conhecer meu Divã e claro, deixe sua impressão, crítica... Vou ficar feliz e honrada!
    Beijuuss
    www.toforatodentro.blogspot.com

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